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A população idosa, com idade superior a 65 anos, alcançará o contingente de 58,2 milhões de indivíduos em 2060, conforme estima o IBGE; na foto, a sede da Previdência Social em Brasília

Direto da Redação de Oeste em Foco –

A retração proporcional da parcela da sociedade “em fase produtiva” nas décadas futuras será mais marcante do que previamente calculado seis anos atrás, como indicam dados atualizados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Enquanto isso, o aumento da população com mais de 65 anos de idade se mantém estável nas projeções.

Essa mudança de cenário reforça a discussão quanto ao equilíbrio financeiro dos sistemas previdenciários e reforça o argumento a favor de uma revisão nas políticas de aposentadoria, é o que aponta Fabio Giambiagi, especialista ligado ao Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

“Não é tanto o envelhecimento populacional que é surpreendente –o IBGE já previa sua ocorrência, e isso não sofreu alterações desde a última análise feita seis anos atrás–, o que realmente é notável são as mudanças em meio à distribuição etária da população”, observa.

De acordo com o IBGE, o grupo etário dos 15 aos 64 anos seguira em crescimento até 2035, quando se espera atingir sua capacidade máxima de 149,5 milhões de indivíduos.

O novo “ponto de virada” ocorrerá mais cedo do que a previsão passada, divulgada em 2018. Naquela oportunidade, o auge do crescimento deste segmento populacional era esperado para 2037, com 152,9 milhões de pessoas.

Na última atualização, de 2024, este grupo demográfico representará 126,1 milhões de pessoas em 2060, uma diminuição de 10,4 milhões em comparação com as projeções anteriores de 6 anos atrás.

Já para a população idosa, a projeção manteve os 58,2 milhões de pessoas previstas para 2060, e com isto a taxa prevista entre os dois grupos aumentou de 42,6% para 46,1%.

A estimativa para a faixa etária de 0 a 4 anos também sofreu redução entre os levantamentos: de 10,8 milhões para 8,4 milhões. O estudo de 2024 antevê que esse setor cairá para menos de 10 milhões a partir de 2045.

“A tendência de diminuição dos nascimentos ao longo do tempo está promovendo uma compressão da população em idade laboral ao longo do tempo”, comenta Giambiagi.

O analista econômico salienta que esse fenômeno é relevante para ponderar sobre a viabilidade financeira da Previdência. “Não é o mesmo cenário ter uma geração de aposentados financiada por um determinado número de trabalhadores ou por uma quantidade muito menor que esse número”, ele explica.

Os números revelam que a taxa de dependência – isto é, a razão entre os potenciais beneficiários de aposentadoria e os contribuintes – está em um patamar superior ao previamente estimado. “Gradativamente, as condições para a manutenção financeira da Previdência tornam-se mais desafiadoras”, conclui o economista.

Um cenário de ruptura econômica, similar ao da Argentina, pode ser um destino potencial para a nação, conforme sugere Giambiagi. Essa perspectiva, embora não seja esperada para um futuro próximo ou para o próximo ano, demanda atenção para as gerações vindouras.

“Há uma tendência para que as pessoas se retirem aproximadamente aos 65 anos. Aquele que está entrando no mercado de trabalho hoje e se aposentará daqui a 45 anos precisa ter seu futuro considerado”, ressalta.

A problemática brasileira na questão previdenciária, ele aponta, envolve uma mudança de mentalidade na política nacional, a fim de adotar uma visão estratégica que leve em conta ambientes e conjunturas a longo prazo. “O Brasil existirá em 40 anos, e temos o dever de garantir que as condições para nossos descendentes não sejam degradadas”.

Giambiagi defende que há urgência em realizar uma reforma na Previdência, ajustando componentes que ficaram estagnados ou até mesmo intocados desde 2019. Ele lista algumas mudanças que considera cruciais:

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